Junho chegou: o coração de Brasília bate no ritmo das festas juninas

Junho chegou e, com ele, a cidade se encheu de cor, música e memória. No Distrito Federal, essa é uma das épocas mais esperadas do ano, e eu, como bom amante da cultura popular, não perco a chance de mergulhar de cabeça no espírito das festas juninas. Este ano, vivi uma experiência especial: participei do arraial da Igreja Santa Terezinha, no Cruzeiro, e confesso que saí de lá com o coração mais aquecido e a alma em festa.

Ao chegar ao local, ainda no final da tarde, fui recebido por um céu de Brasília pintado em tons de rosa e dourado — aquele típico pôr do sol do Cerrado que emociona até quem já viu mil vezes. A brisa de maio soprava leve, e o cheiro da lenha queimando se misturava ao som da sanfona e ao burburinho animado das famílias e grupos de amigos que chegavam para prestigiar a celebração. A igreja, iluminada e decorada com bandeirolas coloridas, se transformou num verdadeiro reduto da tradição nordestina, no coração do Cruzeiro.

Não demorou muito para que eu me rendesse aos sabores da festa. E que sabores! Comecei com uma jantinha bem caprichada, com arroz e feijão tropeiro. Depois fui atraído por uma pamonha quentinha, envolta na palha ainda úmida. A cada mordida, uma lembrança da infância na festa junina na paroquia do Santo Antônio na 710 sul. Experimentei também canjica feita com leite de coco e raspas de laranja — uma combinação perfeita e surpreendente. Para acompanhar, um caldo de cana bem gelado que parecia ter saído direto do pé para o meu copo. É impossível não se encantar com a riqueza da culinária junina. Cada prato carrega uma história, um pedaço do Brasil profundo que insiste, felizmente, em se manter vivo.

Mas o ponto alto da noite, para mim, foi a dança. As quadrilhas organizadas pelas comunidades locais tomaram conta do espaço com uma energia contagiante. Fiquei maravilhado com o capricho das roupas: vestidos de chita, babados, rendas, chapéus enfeitados, camisas estampadas e botas bem polidas. Os pares, bem ensaiados, mostraram passos sincronizados, marcando cada movimento com entusiasmo e emoção. Era visível a dedicação envolvida — e, mais do que isso, a alegria estampada nos rostos. Os sorrisos não eram apenas parte do figurino, eram a essência da festa. Um brilho no olhar que dizia: “aqui, a cultura respira”.

Ver aquelas apresentações me fez lembrar por que amo tanto essa época do ano. A festa junina é mais do que tradição — é resistência, é identidade, é comunidade. Na Igreja Santa Terezinha, encontrei tudo isso reunido: famílias inteiras celebrando juntas, jovens se encantando com a tradição, crianças correndo entre as barracas, senhoras vendendo doces caseiros com orgulho e fé.

Sair de lá foi como acordar de um sonho bom. Mas voltei pra casa com a certeza de que, em cada canto do Distrito Federal, essa cultura tão rica e brasileira segue viva — e pulsando forte, como o coração de quem ama o São João.

Foto de Paulo Augusto

Paulo Augusto

Redator da equipe de redação do Música da Cidade

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